Edgar Salis Brasil Neto*2, Yago Müller Alves2, Vitor Sauzem Rumpel2, Fernando Sintra Fulaneti2, Laís de Paula Ribeiro2, Janaina de Fatima Spanevello2, Giovani Luciano Wrasse2,
Rafaela Leopoldina Silva Nunes2, Iuri de Oliveira Buligon1, Rogério Peixoto Amaral1, Léo Antônio Limberger Speth1, Eduardo de Oliveira Weber1, Luis Henrique Antonini Schmidt1,
Renata Ehleres dos Santos1, Nathália da Rosa1, Thomas Newton Martin3
Introdução
O trigo (Triticum aestivum L.) é um dos cereais mais cultivados no mundo, sendo um dos principais componentes da dieta humana (Takeiti, 2015). Na safra 2019/20, obteve-se produção de 764,3 milhões de toneladas, 4,6% superior ao registrado anteriormente 2018/19, quando foram colhidos 730,5 milhões de toneladas (USDA, 2020). Os derivados de trigo alimentam aproximadamente um terço da população mundial (Li et al., 2022), sendo a China o principal produtor mundial. O acesso a alimentos à base de trigo contribui para a melhoria da nutrição e qualidade de vida (Gwirtz et al., 2014). Garantir a produção sustentável de trigo é fundamental para atender às crescentes demandas da população mundial. O consumo de trigo no Brasil varia de 10 a 12 milhões de toneladas, o que torna o país um dos maiores importadores de trigo no mundo. Na safra de 2022, a área cultivada foi de 3.086,2 milhões de hectares, com produtividade média de 3.420 kg por hectare, e a produção total foi de 10.554,4 milhões de toneladas. No e
Material e Métodos
O experimento foi semeado em 26/05/2023 na área experimental pertencente ao Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizado nas coordenadas geográficas, -29º43’ de latitude sul, -53º44’ de longitude oeste e 116 metros de altitude. O solo do local é classificado como Argissolo Vermelho Distrófico Arênico (Dos Santos et al., 2018), correspondente ao Ultisol (SOIL SURVEY STAFF, 2022). As características físico-químicas do solo estão apresentadas na Tabela 1.
O clima da região, conforme a classificação de Köppen, é do tipo Cfa, subtropical de clima temperado chuvoso (Alvares et al., 2013), precipitação média de 1688 mm ao ano. No mês mais quente, a temperatura média é de 24,8°C, e no mês mais frio é de 14,1°C (Figura 1 e Figura 2) (Heldwein et al., 2009).
O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições e utilizaram-se 28 cultivares de trigo (Tabela 2). Cada unidade experimental teve 7,75 m de comprimento por 2
Resultado e discussão
A produtividade de grãos (PG) das cultivares de trigo em Santa Maria (RS) estão representadas na Figura 3. Nesta safra (2023), obteve-se uma produtividade média geral de 2334 kg/ha, PG abaixo da esperada. Essa diminuição pode ser atribuída principalmente aos efeitos do fenômeno El Niño, como o excesso de chuvas e a ocorrência de geada, vento e granizo, que impactaram pontualmente a cultura em diversas fases do ciclo produtivo. A temperatura durante o período de desenvolvimento da cultura de trigo foi acima da média (Figura 1) e o excesso de chuvas ocasionadas marcaram o regime hídrico nesta safra de inverno (Figura 2).
Os dados meteorológicos coletados demonstraram que, entre os dias 26 de maio a 20 de outubro, este último foi o dia da colheita, houve precipitação pluvial acumulada de 1.075,9 mm, sendo 49 dias de precipitação e radiação global média diária de 939,01 Wh m-². Essas condições ambientais, características do El Niño que compreendem períodos de alta umidade do ar c
Conclusões
As cultivares que obtiveram as maiores produtividade de grãos de trigo foram a ORS Falcão, ORS Turbo, ORS Feroz, TBIO Capaz e ORS Senna. A cultivar com maior massa de mil grãos foi a ORS Guardião. As cultivares com maior massa de hectolitro foi a ORS Soberano, ORS Feroz, LG Bianco, TBIO Capaz e a TBIO Trunfo. Além disso, as condições climáticas de Santa Maria, apresentaram volume, frequência, temperatura média e nebulosidade muito superiores a normal climatológica. Caracterizando assim um ambiente desfavorável para a produção de trigo devido a caracterização do El Niño.
1Graduação em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS.
2Pós Graduação em Agronomia da UFSM.
3Eng. Agrônomo Prof. Doutor da UFSM, Programa de Pós-graduação em Agronomia, Bolsista CNPq. *Autor para correspondência: [email protected]
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